quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

3 estratégias para promover a leitura em espaços com pouco recurso

Assim como em qualquer outro lugar, os espaços de leitura também precisam de promoção, divulgação e incentivo para serem visitados, contudo a falta de recurso traz ao Bibliotecário o desafio de ser criativo e inventivo para atingir os mesmos resultados das grandes livrarias.

Esse artigo feito pela BibliotecAtiva apresenta 03 estratégias para atingir esse objetivo, confira:


1. Implementar uma abordagem integrada à promoção da leitura

Habitualmente a promoção da leitura centra-se na realização de atividades de animação da leitura dirigidas ao público infantil.
O que propomos é a adoção de uma abordagem integrada à promoção da leitura. Essa abordagem integrada deve ser entendida dentro de três dinâmicas complementares.
Em primeiro lugar, é uma abordagem que deve integrar diversos níveis de intervenção. A um nível estratégico, através da definição de uma politica municipal de leitura. A um nível táctico, através da implementação de projetos âncora e medidas estruturantes. A um nível operacional, através da realização de um trabalho regular e continuo dirigida aos diversos públicos.
Em segundo lugar, é uma abordagem que deve integrar os diversos públicos. Seja de um ponto de vista etário: crianças, adolescentes, jovens, adultos, seniores. Seja de um ponto de vista tipológico: perfil socioeconômico, níveis de literacia, hábitos de leituras, perfis de leitor. O mais importante de tudo é considerar que a promoção da leitura não deve ser exclusivamente dirigida às crianças.
Em terceiro lugar, é uma abordagem que deve integrar as coleções, os serviços, as atividades, os instrumentos. A abordagem fragmentada e parcelar leva ao desperdício de recursos e falta de eficácia. Apontamos alguns exemplos recorrentes. Realizar atividades de promoção da leitura sem relação com a coleção. Prestar serviços aos leitores sem instrumentos de apoio.
Implementar uma abordagem integrada à promoção da leitura é fundamental. Só assim se poderá garantir a obtenção de resultados efetivos e duradouros.


















2. Gerir as coleções em função do perfil dos leitores

Tradicionalmente as bibliotecas municipais organizam as suas coleções através de modelos centrados nos livros. Para isso recorrem à utilização das classificações decimais (CDU e CDD).
São modelos com uma estrutura hierárquica e temática, que obedecem a uma lógica disciplinar e têm uma abrangência enciclopédia. São modelos datados em termos conceptuais e inadequados do ponto de vista prático do leitor.
O que propomos como modelo alternativo assenta em três mudanças substantivas.
Primeira mudança. A gestão da coleção deve ser dinâmica, integradora e eficaz. Dinâmica porque deve sempre um processo em aberto que permita ajustamentos fáceis e rápidos. Integradora porque deve ter quatro componentes: a constituição, a organização, a promoção e a difusão. Eficaz porque deve permitir a optimização dos recursos disponíveis (documentos, equipa, dinheiro) em função da satisfação efetiva dos leitores.
Segunda mudança. A gestão da coleção deve colocar o enfoque no leitor. O perfil do leitor (necessidades, interesses e comportamentos) deve condicionar as grandes opções da gestão da coleção tendo em conta as quatros componentes anteriormente enunciadas.
Terceira mudança. A gestão da coleção deve estar articulada com a promoção da leitura. Esta articulação deve ter um duplo sentido. Realizar atividades de promoção da leitura que dêem a conhecer obras, autores, gêneros ou temas poucos conhecidos dentro da coleção. Realizar destaques da coleção ligados a projetos de promoção da leitura dirigidos a um determinado público, que celebrem uma efeméride ou se centrem num tema.
Estas três mudanças devem sempre assentar no pressuposto que o objectivo da gestão da coleção é a adequação ao perfil do leitor.

 3. Estabelecer um serviço de apoio ao leitor

Já vos aconteceu sentirem-se mais seguros a recomendar a um leitor um manual sobre astrofísica do que um romance histórico?
A principal razão porque isto acontece prende-se com três factores.
O primeiro fator está ligado à forma como organizamos as nossas estantes. Como a organização é temática e disciplinar é mais fácil arrumar/encontrar um manual sobre astrofísica do que um romance histórico.
O segundo fator está ligado ao facto de os nossos catálogos conterem uma indexação por assuntos para as áreas técnicas e científicas mas o mesmo não acontecer com a literatura.
O terceiro fator decorre dos dois primeiros. Sentimos-nos mais seguros a recomendar obras de carácter técnico e científico do que obras literárias. Facilmente as nossas recomendações se baseiam nos nossos gostos pessoais e histórico de leituras.
Na verdade, apesar de cerca de 50% das coleções das bibliotecas públicas serem constituídas por obras literárias, a forma como fazemos a sua gestão é altamente deficitária.
O que devemos estão fazer? A minha proposta é que crie na sua biblioteca um serviço de apoio ao leitor.
Este serviço deve estar vocacionado prioritariamente para os leitores de literatura. A sua criação deve assentar em três pressupostos.
O primeiro pressuposto é o de termos que gerir as coleções na área da literatura de uma forma totalmente diferente. Na minha opinião devemos procurar inspiração nas modernas livrarias. Já existem bibliotecas que o fizerem.
Veja-se o caso da Biblioteca Pública de Almere que implementou um novo modelo de organização espaço-funcional totalmente inspirado nos espaços comerciais (http://www.slideshare.net/FilipeLeal/inspiraes-bibliotecativa-01-almere).
O segundo pressuposto é o de criarmos instrumentos de apoio para a pesquisa e sugestão de leituras. A solução não passa na minha opinião pela indexação (por gêneros ou temas literários) das obras literárias no catálogo da biblioteca.
O ideal seria a utilização na sua biblioteca de plataformas que promovam uma de duas abordagens. Recomendação de obras em função de um conjunto de interesses definidos pelo leitor (http://www.openingthebook.com/whichbook/). Recomendações feitas por outros leitores (https://www.goodreads.com/).
O terceiro pressuposto é o de a equipa ter que adquirir novas competências. São competências ao nível dos estudos literários. Da utilização de redes sociais vocacionadas para a leitura. Da aplicação do merchandising na promoção das coleções da biblioteca.
A reciclagem das competências profissionais é um fator determinante na implementação destas estratégias. Transformar as bibliotecas passa, antes de mais e acima de tudo, por transformar os profissionais que nelas trabalham.
Lembramos que o Bibliotecário tem "adquirido" outras funções dentro do seu ambiente de trabalho, exigindo conhecimento, curiosidade e "jogo de Cintura", confira no infográfico compartilhado de https://mundobibliotecario.files.wordpress.com outras funções:



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