sábado, 23 de abril de 2016

Como fidelizar o cliente de Espaços de Leitura?

O trabalho de compartilhar a cultura literária não está só em oferecer espaços e livros de boa qualidade, também é preciso se preocupar em atender o cliente/usuário com o máximo de excelência possível. Mas é claro que todo Bibliotecário sabe disso, porém, na prática, não é tão simples assim, não é? Bom, esse artigo, compartilhado do Bibliotecativa, discute e dá dicas sobre como conseguir fidelizar o cliente/usuário de Bibliotecas e Espaços de Leitura:

O atendimento de excelência é uma arte de sedução. É através do atendimento de excelência que a biblioteca pode conquistar e fidelizar os utilizadores. O atendimento é o espelho da organização. Um utilizador bem impressionado multiplica esse efeito positivo junto de um máximo de quatro pessoas. Um utilizador mal impressionado multiplica esse efeito positivo junto de pelo menos seis pessoas. A qualidade do atendimento está totalmente dependente da qualidade do atendedor. Nada deve ser deixado ao acaso. Todos os profissionais devem estar preparados e empenhados num atendimento de excelência. Esta é a razão de ser e o modo de estar da biblioteca.
 O que é a excelência no atendimento?
A excelência no atendimento vai muito para além de um atendimento pontual e despersonalizado, quase mecanizado. Atender é uma verdadeira arte da sedução.
O fim último do atendimento é o de estabelecer uma relação duradoura e profícua. Só assim o objetivo de satisfazer as necessidades dos clientes é plenamente realizado. Só assim se consegue a tão desejada fidelização dos clientes a uma empresa, produto ou serviço.
Mas isto por si só não basta. Para atender com excelência é necessário ter um vasto conhecimento sobre a área e a organização que se representa.
O atendimento é o espelho de qualquer instituição ou empresa. A imagem que fica de uma empresa depende maioritariamente da excelência do atendimento. Da relação que o cliente estabelece com a pessoa que o atende. Da forma como são satisfeitas as suas necessidades.
Ao atendimento estão intrínsecas várias ações. Entre elas destacamos as que nos parecem mais importantes:
  • Receber e acolher com cortesia
  • Atender com simpatia e disponibilidade
  • Prestar atenção a todos os pormenores
  • Escutar atentamente e fazer por entender
  • Dar sempre feedback na comunicação
  • Informar corretamente
  • Solucionar problemas

Qual deve ser a postura de um bom atendedor?

A concretização de um atendimento de excelência por parte dos profissionais pode resumir-se em quatro pontos cruciais:
  • Transmissão de boa apresentação no 1º contato
  • Identificação das necessidades
  • Satisfação das necessidades
  • Fidelização do cliente
A aparência e o aspeto físico deverão transmitir uma boa impressão. Deve manter uma postura correta e uma atitude adequada para criar um ambiente favorável ao atendimento.
É muito importante ter cuidado com a linguagem corporal. A postura e a expressão facial transmitem informação e geram sentimentos no outro. Sorria sempre de um modo suave, despertando tranquilidade e simpatia.
A forma como se dirige ao cliente e comunica com ele é determinante. Tenha em atenção a idade, nível sociocultural, histórico de cliente, interesses e gostos.
Opte por uma abordagem direta mas não invasiva. Mostre a sua disponibilidade para ajudar. Retire-se quando o cliente manifestar que não necessita de ajuda. Não se afaste demasiado e antecipe possíveis questões ou pedidos.
Opte por uma linguagem simples mas cuidada. Selecione o vocabulário em função do perfil do cliente. O tom de voz poderá desde logo transmitir segurança e confiança. Ajustar o tom de voz e falar de forma a manter o mesmo timbre demonstra domínio sobre o assunto e aumenta a credibilidade.
Nunca por nunca ser interrompa quando o utilizador fala. É importante que perceba que está a ser ouvido. Não ouça apenas, escute e dê sempre o feedback necessário. A expetativa do utilizador é muitas vezes a de ser ouvido e sentir-se compreendido. Sentir que alguém está empenhado em satisfazer as suas necessidades.
Não use frases negativas tais como: «Não sei!”, “Não temos!”, “Não está disponível!”, Não posso!”. Use frases afirmativas e construtivas. Mostre sempre boa vontade e disponibilidade para responder às suas necessidades e resolver qualquer situação.
É muito importante manter a calma e ter uma postura sempre profissional mesmo quando surgem contratempos. Ter bom autocontrolo e maturidade emocional para lidar com dificuldades pontuais que possam surgir. Uma boa dose de vontade para resolver uma situação poderá fortalecer a relação entre o profissional e o utilizador, entre o atendedor e o atendido.


Qual a importância do atendimento numa biblioteca?

Este conceito básico de atendimento também se aplica às bibliotecas. O atendimento do público é sem dúvida a função mais importante a desempenhar pelos profissionais das bibliotecas.
O atendimento de excelência numa biblioteca exige do profissional o domínio das técnicas de atendimento. Só assim é possível poder ponderar cada situação e agir de forma consistente e equilibrada.
Tendo em conta que nem sempre é possível atender de imediato a uma solicitação há que saber contornar este tipo de circunstâncias. Em circunstância alguma o utilizador pode sair da biblioteca com a sensação de insatisfação e com uma má impressão.
O utilizador satisfeito volta sempre à biblioteca e partilha as boas experiências vividas. Deste modo faz uma divulgação positiva junto a outros potenciais utilizadores. Cria assim um efeito multiplicador que ajuda a construir uma boa imagem a biblioteca.
O utilizador insatisfeito irá fazer o mesmo mas de uma forma negativa. Existem estudos que demostram o efeito multiplicador. Uma pessoa satisfeita com o atendimento transmite essa satisfação a um número máximo de quatro pessoas. Uma pessoa insatisfeita transmite essa insatisfação a um número mínimo de seis pessoas.
Deste modo, é fácil concluir que para se denegrir a imagem de uma organização basta falhar no atendimento.

Como pode melhorar o atendimento na sua biblioteca?

Para bem atender tente mentalmente inverter os papéis e imagine que é você que está a ser atendido. Questione: “Como gostaria de ser tratado?”. Para aprofundar esta abordagem, propomos-lhe este exercício.
  • Elabore uma pequena tabela com 5/7 itens que considera importantes quando é atendido numa loja;
  • Faça uma revisão mental de situações vivenciadas recentemente ou vá visitar intencionalmente uma loja;
  • Preencha a sua tabela atribuindo estrelas a cada um dos itens que definiu na sua tabela;
  • Repita este processo em mais duas ou três lojas, veja os resultados comparativamente.
  • Agora o grande teste: aplique a mesma tabela à sua biblioteca e peça aos seus colegas para fazerem o mesmo;
  • Analise os dados e retire conclusões. Planei e implemente ações de melhoria.
A terminar este artigo gostava de sublinhar dois aspetos que me parecem determinantes. Em primeiro lugar, devemos perspetivar o atendimento como o espelho da organização. É nesse espelho que o utilizador vê a imagem da biblioteca refletido. Em segundo lugar, devemos considerar o atendimento como uma função central da biblioteca. Nessa perspetiva defendemos que todos os profissionais devem estar preparados para o atendimento de excelência. Não nos podemos esquecer que é através do atendimento que a biblioteca presta serviços aos cidadãos. E essa é a razão de ser e de estar da biblioteca.
Texto de: Sandra Leal Compartilhado de: http://bibliotecativa.pt/arte-seducao-atendimento-excelencia/

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Bibliotecas pelo Mundo que Você Precisa Conhecer


Que tal conhecer as Bibliotecas mais impressionantes espalhadas pelo Mundo? Ah, e não esqueça de incluir em seu roteiro de viagens essa dica do Muito Mais que LivrosConfira:



Alemanha - Biblioteca do Mosteiro de Wibligen – Ulm



Fundada em 1093 e remodelada para o estilo barroco no século XVIII, a biblioteca é considerada pelos historiadores uma das mais importantes do planeta por conta da sua rica ornamentação.




















Alemanha - Biblioteca da Cidade

Esta estrutura de 9 andares brilha como um cubo mágico de vidro perolado durante o dia, resplandece durante o pôr-do-sol e irradia iluminado com luzes azuis ao anoitecer. Em forte contraste com os tons de cobalto do exterior, o interior da biblioteca foi projetado quase inteiramente em branco puro. Extraordinariamente, ela não parece fria, com fileiras abastecidas de livros e os visitantes trazendo salpicos de cores e vida a este empório moderno do livro.





Canadá - Biblioteca Thomas Fisher Rare Book 


As bibliotecas da Universidade de Toronto formam o 4ª maior sistema de bibliotecas acadêmicas da América do Norte, ficando atrás apenas das gigantes Harvard, Yale e Berkeley. A Biblioteca Thomas Fisher Rare Book tem a maior coleção de livros raros no Canadá. A biblioteca é coligada à Universidade de Toronto e possui numerosas obras valiosas, como Principia de Newton (1687), First Folio de Shakespeare, e a Crônica de Nuremberg (1493).



Canadá - Biblioteca Pública de Vancouver 


Projetada pelo arquiteto Moshe Safdie, a arquitetura lembra o Coliseu de Roma. A biblioteca foi aberta ao público em 1995. É um fascínio ver esse formato de construção no meio da cidade, cercada por outros prédios. Com certeza, faz parte das bibliotecas mais interessantes do Canadá.






Suíça - Biblioteca da Abadia de Saint Gall – Saint Gallen



Com 160 mil volumes, a biblioteca da Abadia de Saint Gall é a mais antiga da Suíça e impressiona pela sua belíssima decoração. Afrescos no teto e estantes ornamentadas fizeram com que em 1983 ela fosse considerada Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas.














Republica Tcheca - Biblioteca Nacional da República Tcheca


A Barroca Biblioteca Nacional da República Tcheca em Praga abriu em 1722 e abriga mais de 20.000 volumes da literatura teológica e médica importante do mundo. Você não precisa, necessariamente, ir a bordo da literatura para ser esclarecido. Basta dar uma olhada nos afrescos do teto da biblioteca, que retrata arte e ciência, e sua coleção de globos dourados. Esta biblioteca foi construída pelos jesuítas no final do século 18, como parte do vasto complexo clementino situado próximo à Ponte Carlos.



Itália - Biblioteca PIO IX


Aqui quem manda é o papa. Sério. A Biblioteca Pio IX é conduzida pelo papa, desde que foi fundada em 1854. É formada pelo prédio principal e por vários outros prédios na cidade. O acervo contém coleções papais privadas e mais de 400 mil obras raras e antigas.




Brasil - Biblioteca Nacional do Brasil

Com mais de 9 milhões de itens no acervo, a Biblioteca Nacional é a maior da América Latina e a sétima maior do mundo, segundo dados da UNESCO. Fundada em 1810 como Real Biblioteca, só se tornou Biblioteca Nacional em 1876.




Brasil - Real Gabinete Português de Leitura

Em 1837, imigrantes portugueses no Rio de Janeiro decidiram estabelecer uma biblioteca portuguesa em sua nova casa. Cinco anos depois, a ideia deles se tornou realidade quando o Real Gabinete Português de Leitura abriu suas elegantes portos para a população.  Contendo o que é considerado a maior e mais valiosa coleção de literatura portuguesa fora do seu país de origem, muitos estudantes de todos os lugares pegam um lugar na sala de leitura que lembra uma catedral, com uma redoma de vidro que permite a entrada da luz perfeita para leitura. Hoje considerado ponto turístico brasileiro, o Gabinete de Leitura mantém sua herança nas paredes de dentro e de fora da biblioteca – com uma fachada feita de pedra calcária que transportada de Lisboa.

Portugal - Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra 

Em operação desde o início do século XVI, a instituição conta hoje com mais de 1 milhão de livros. A arquitetura segue o majestoso estilo barroco e o espaço conta com um edifício separado para obras anteriores ao século XIX.





Japão - Biblioteca e Museu da Universidade Musashino Art 

Além de mesas e cadeiras, os móveis mais comuns em uma biblioteca são as prateleiras. Pensando nisso, o arquiteto japonês responsável pelo projeto da biblioteca da Universidade Musashino Art utilizou o objeto para cobrir paredes e ocupar os demais espaços desde a fachada até o interior do prédio. Curiosamente, é possível notar que as prateleiras vazias são ocupadas por pessoas em vez de livros. Esse é um dos reflexos da importância da informação digital na atualidade.







EUA - Biblioteca George Peabody

Esta “catedral de livros” neoclássica foi concluída em 1878 e abriga uma coleção de 300.000 volumes dedicados principalmente a assuntos de arte, história e literatura britânica e americana. Há alguma coisa inevitavelmente romântica sobre a velha George. A biblioteca conta com um átrio de cinco níveis, com um piso de mármore preto e branco, sacadas de ferro fundido ornamentais e colunas douradas. Não é surpresa que ela seja local de casamentos e eventos privados especiais.


EUA - Biblioteca Pública de Nova Iorque

O quarto maior sistema do mundo – é tão grande e tem tantos livros que requer um número impressionante de 93 filiais diferentes, espalhados por Manhattan, Bronx e Staten Island. A mais majestosa de todas as instituições é a Filial Central na Quinta Avenida, que é tão famosa por sua coleção de livros quando por suas aparições na cultura popular, que inclui Os Caça-Fantasmas, Bonequinha de Luxo e um episódio de Seinfeld. Junte-se à multidão silenciosa no Salão de Leitura Principal Rose, com seus grandes lustres, janelas enormes e teto decorativo. Mas, fique avisado, dar foco às leituras de prova pode ser particularmente difícil com um ambiente tão incrível.



China - Biblioteca Nacional da China


Com uma coleção de mais de 31 milhões de itens, a Biblioteca Nacional da China em Pequim é a maior biblioteca da Ásia. Não é só o material de leitura que impressiona. Dentro dela, você encontra uma sala de estudo de quatro níveis, que é regularmente lotada de estudantes preparando-se para as provas da universidade. Muitas grandes mentes pensando de forma parecida, mesmo assim, a rígida proibição de conversas significa que o único som que você escuta é o bater dos teclados dos laptops.



Dinamarca - Biblioteca Real


Deixe seus preconceitos de bibliotecas cheias na porta, a Biblioteca Real, cercada de água, é um lugar incrível para absorver um pouco da atmosfera de “Copenhague“. Carinhosamente apelidada de Diamante Negro, por sua fachada brilhante de mármore e ângulos incomuns, este exterior ultramoderno permite a você voltar no tempo no antigo prédio da Antiga Biblioteca, através de um átrio com iluminação natural. No verão, os arredores dessa beleza negra são movimentados com casais apaixonados fazendo piquenique às margens das águas e estudantes deitados pegando um pouco de sol com um livro de estudo em mãos. Além das características normais de biblioteca, o Diamante Negro conta com uma cafeteria, um restaurante recomendado pela Michelin, um salão de concertos e três espaços de exibições, incluindo uma coleção permanente da história dos desenhos animados dinamarqueses e o Museu Nacional da Fotografia.

Irlanda - Biblioteca de Trinity College de Dublin

Entre no Salão Longo da Biblioteca de Trinity College de Dublin do século 18 e você vai se sentir como se tivesse andando pelo cenário de Star Wars. Este corredor de livros de 65 metros de uma semelhança surpreendente com os arquivos do templo Jedi do filme de 2002, Guerra nas Estrelas – Episódio 2: O Ataque dos Clones, com seus tetos abobadados e bustos de mármores de jovens Padawans que se tornaram Mestres Jedi, como Jonathan Swift, autor de “As Viagens de Gulliver”. Acrescentando à magia, a Biblioteca de Trinity abriga diversos tomos importantes, incluindo o Livro de Kells, o iluminado manuscrito dos primeiros quatro evangelhos do Novo Testamento, remetendo ao ano 800.



França - Bibliothèque Sainte Geneviève Paris


Quando Bibliothèque Sainte Geneviève Paris’ foi concluída em 1850, ela era considerada um dos melhores prédios culturais do mundo, com arquitetura moderna e canalização de ferro. Mais de 150 mais tarde, o prédio pode não se passar por moderno, mas sua beleza e elegância são indiscutíveis.


Escócia - Biblioteca da Universidade de Aberdeen 

A Universidade de Aberdeen foi fundada em 1495, mas a nova biblioteca mostra que instituição não parou no tempo. Com uma fachada marcada por faixas irregulares e grandes placas de vidro, o prédio é um exemplo do bom uso da luz solar como recurso para economizar energia. As linhas retas que formam o exterior do prédio contrastam com as sinuosidades que caracterizam o interior. O design da biblioteca ainda conta com 1200 bancadas de estudo individuais para os alunos da universidade.






Egito - Biblioteca de Alexandria

A Biblioteca de Alenxadria não existe mais, mas foi criada no século III A.C.! Construída pelo faraó Ptolomeu I Sóter, a biblioteca tinha jardins, salas de jantar, salas de leitura, anfiteatros e muito mais! Ninguém sabe ao certo como ela foi destruída, alguns dizem que foi incêndio, outros dizem que foi quando o país foi conquistado em 642 a.C., mas a arquitetura do local é referência até hoje.

Antiga:

Atual:



Compartilhado de: http://www.momondo.com.br/inspiracao/as-10-bibliotecas-mais-legais-do-mundo/#rssbom2LcX5d6iuV.99 e http://www.megacurioso.com.br/

segunda-feira, 11 de abril de 2016

O que acontece com as Bibliotecas agora que temos o Google?

 “O bibliotecário não pode ser apenas o ‘guardador de livros’. Tem que ser o verdadeiro profissional da informação, aquele que trabalha com ela independente do suporte, que desenvolve ferramentas que permitam a melhor gestão desse conhecimento, tem que pensar estrategicamente e estar atualizado para as tendências mercadológicas e tecnológicas”

Com essa frase inspiradora de Izadora Saldanha, responsável pelo Centro de Documentação e Informação/Biblioteca da empresa Planave S. A.apresentamos o artigo "Bibliotecas migram para as nuvens - Manter os leitores no espaço físico é um desafio para os bibliotecários" por Elaine Souza compartilhado de Revista Atlas e quem sabe acabamos de vez com essa preocupação: O que acontece com as Bibliotecas agora com o Google?
Confira:


Se antes a pergunta era “o que acontece com as bibliotecas agora que temos a internet?”, a dúvida hoje é como fica esse cenário com os lançamentos cada vez mais frequentes de livros digitais. Afinal, qual o propósito de ir até a biblioteca se é possível encontrar aquele exemplar antigo ou novo em e-book e lê-lo em seu smartphone, dispositivo e aparelho que tornam muito mais fácil encontrar uma citação, nome ou termo específico sem ter que folhear mil vezes cada página?
Diante desse quadro, bibliotecas da importância da Nacional, no Rio, e da Brasiliana, da USP, agora mantêm seu próprio acervo digital e levam para a casa ou telefone dos interessados, parte de seus preciosos acervos. Atualmente, a Biblioteca Nacional — BN Digital — conta com cerca de 870.821 títulos em seu acervo e mais de 5 milhões em periódicos digitalizados na Hemeroteca. Na BN as primeiras iniciativas surgiram em 1998, mas as estantes nas nuvens só foram oficialmente lançadas em 2006.
A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin foi criada em 2005 para abrigar a coleção do bibliófilo José Mindlin e sua esposa Guita, que doaram sua coleção à USP. Logo após a BN, a Brasiliana deu início a digitalização em meados de 2008, pois o prédio da biblioteca estava em construção e teve sua nova sede inaugurada oficialmente em 2013, quando finalmente o diretor da Mindlin, à época o professor István Jancsó, reuniu um grupo de profissionais para dar forma à biblioteca digital. Sua coleção ultrapassa os 60 mil volumes e conta com mais de 3.000 títulos disponíveis para consulta digital.
O cenário pode parecer preocupante no início, mas as bibliotecas aproveitaram a situação para se modernizar. “O que impulsiona hoje os gestores de instituições culturais é a própria demanda da sociedade, dos pesquisadores. Uma vez que com as facilidades possibilitadas pelo uso das tecnologias de informação, atualmente não tem sentido viajar quilômetros para se ter acesso ao conteúdo de um documento”, opina Daniela Pires, bibliotecária da Brasiliana há 9 anos.

“A falta de verbas é um dos principais problemas”
Para atrair os novos e manter o interese dos antigos leitores, a facilidade de acesso aos conteúdos foi o principal objetivo. As bibliotecas universitárias, por exemplo, hoje em dia possuem seu catálogo disponível via internet, facilitando a pesquisa, busca, reservas e renovações de títulos, pelos usuários. Além de parte do acervo digital, tais como dissertações e teses de 2000 em diante para visualização online.
O leitor Gabriel Moura, estudante da UFRJ, acredita que os e-books ajudaram bastante na hora de estudar. “Quando você chega em casa às dez da noite e percebe que esqueceu de xerocar aquele texto da prova de amanhã, é um alívio saber que é possível entrar no site da biblioteca e visualizar o arquivo, mesmo que outra pessoa esteja acessando. Além de poder ver no tablet e celular”, explica.
Coordenadora da BN Digital, Angela Monteiro comenta que as principais considerações no início da digitalização foram levar em conta o valor histórico ou memorial, a importância e a raridade de obras específicas, assim como a relevância de coleções, na sua totalidade ou em parte. “Então foram selecionadas de forma a reunir uma massa crítica de informação e um volume mínimo de conteúdos que permitisse a contextualização e o inter-relacionamento das obras que a compõem”, diz.
Segundo Monteiro, a BN é a maior biblioteca digital do país pela quantidade de itens e 
importância de sua coleção. Apesar de serem apenas os que se encontram em domínio 
público, ou seja, livres de direito autoral, ocorrem em média 300 mil acessos remotos 
por mês e aumentam a cada dia.
Por outro lado, não é tão simples disponibilizar os livros e mantê-los no “ar”. A falta de verbas para os equipamentos para obter e armazenar os exemplares é um dos principais problemas encontrados. A digitalização em si enfrenta grandes desafios, desde a adequada definição dos parâmetros e padrões a serem utilizados até questões relacionadas ao controle de qualidade das imagens geradas e à própria preservação digital desse acervo, já que o acervo virtual, assim como o físico, possui características próprias e únicas, comenta Jony Favaro, especialista em Digitalização e Web Developer.
De acordo com Favaro, é necessário pensar em soluções e sistemas que permitam o adequado controle desse material, bem como soluções de backup para garantir o armazenamento dos arquivos e assim não danificá-los ou até mesmo perdê-los.

As bibliotecas têm passado por um processo de transformação intenso. Certamente deram um grande passo na direção da democratização do acesso e quem ganhou com isso foram os usuários. Não só pelo conforto e possibilidade de escolher o método de leitura que mais lhe agrada, mas também pelo fato de que sua pesquisa tornou-se facilitada através do reconhecimento de caracteres nos e-books. O que dá total mobilidade ao leitor, o qual concentra mais tempo em seu trabalho.
Para a pesquisadora da Uerj Rafaela Mascarenhas os próprios bibliotecários acabam sendo “levados” junto a essa reformulação dos livros, pois eles também têm que passar do analógico ao digital, aprender novas técnicas e métodos para lidar com os softwares predominantes no mercado.
“O bibliotecário não pode ser apenas o ‘guardador de livros’. Tem que ser o verdadeiro profissional da informação, aquele que trabalha com ela independente do suporte, que desenvolve ferramentas que permitam a melhor gestão desse conhecimento, tem que pensar estrategicamente e estar atualizado para as tendências mercadológicas e tecnológicas”, complementa Izadora Saldanha, responsável pelo Centro de Documentação e Informação/Biblioteca da empresa Planave S. A.

Preferências por e-books no Brasil

Em 2007 a Amazon — empresa de comércio eletrônico — iniciou as vendas de seu primeiro e-reader, o Kindle. Com a popularização dos leitores eletrônicos e a crescente oferta de livros digitais, muitos especialistas começaram a questionar qual seria o futuro das livrarias e bibliotecas. Já que, desde então as vendas de livros impressos diminuíram. Os e-books trabalham com a comodidade, que tem sido sua maior vantagem.
Imagem: Agência Proteste
Durante viagens, a maioria dos leitores prefere os e-books. No entanto, para as crianças, 80% optam pelas edições físicas. Uma pesquisa do instituto Pew Research, com 3 mil leitores, mostra que o livro digital leva vantagem em relação ao papel em algumas situações.
O levantamento feito pela 3ª edição da “Retratos da Leitura no Brasil” em 2011, pelo Ibope Inteligência para o Instituto Pró-Livro, mostra que o país tem mais de 9,5 milhões de leitores de e-books. Em sua maioria são mulheres com idade entre 18 e 24 anos. Número que continuou aumentando pela simplicidade e disponibilidade de se encontrar os livros eletrônicos em qualquer lugar.
Apesar de todo o avanço tecnológico, cada vez mais relevante e inseparável do nosso cotidiano, uma opinião é unânime entre os bibliotecários, pesquisadores e leitores: a biblioteca não vai sumir, está apenas passando por um upgrade.